Thursday, March 05, 2009




A imagem que insurrecta se autopenetra, que se abre graças ao poder imagético, que desfruta dos seus excessos, como um fruto ultra-exótico.
No adverbiado eco das florestas (no florilégio alegórico-ecológico). No sussurrado rugido do Verbo (na novidade que está em emergência no environment-sujeitos). Na bizarria da pilhagem (na abdução do que é estrangeiro ou estranho). Nos jardins alcachofrais do acaso (na interdeterminação stocaustica). No prepucialíssimo humor petroniano (no riso seminal de um divino sensual).
Sermos entre nebulosas de interacções qualquer coisa que se julga uma singularidade dotada de alguma autonomia – é essa convicção que nos faz sentir a consciência, alguma dor, e a sua superação: a alegria.
Partes que se concebem como todo e como partes, que se sabem cooperantes criticas e refractárias prudentes, que não ignoram que o poder é sempre um compromisso, mesmo na mais calada resistência.
Somos camaleonicos? Sim, para melhor sermos anti-camaleonicos! Insistentemente.
Dizendo multiplamente a multiplicidade do que fervilha contra os aniquilantes jogos do «vazio» simplificador e calmante?
Houve um momento em que acreditamos que o tempo não era só a admirável capacidade da artephysis refutar, porque o metamórfico é imparável. Foi aí que descobrimos o kairós – o que é propício é preparável – mas necessita de muita candura, uma sensibilidade epidérmica e uma consciência prática disponível.
A redução do espaço é proporcional à aceleração. O que não postula uma experiência radicalmente catastrófica.
Um hiperdadaísmo fracassado! Este foi o nosso programa prévio – não uma vontade de derrota, mas a sabedoria brejeira de que o triunfo esgotaria as baterias da nossa alegria.




A sintaxe é o desejo, a articulação posicional, as relações explicadistas (de variada intensidade e interesses) que a linguagem tem. Não concordamos com Nietzsche nem com Cage quando estes dizem que «não nos livramos de Deus, enquanto não nos livrarmos da sintaxe», nem de que esta é meramente um «exército». Não concordamos com Heidegger quando este nos reduz a simuladores ou profetas do que potencialmente está na linguagem. Não há uma linguagem estanque. O alemão foi uma língua que se fez e se está fazendo num sentido que um dia não será “o” alemão. O idioma grego foi muitos idiomas, e os filósofos são reféns dos seus calões locais mais do que dicionárias etimologias o-mais-antigas-possiveis. Por fim Barthes, Lacan, os estruturalistas e os post-estruralistas. «A linguagem obriga a dizer»? É fascista? O autor morreu? Ou este tipo de teoremas é a mais vasta encenação de uma tese inconsciente que indentificaria o fascismo da linguagem com a morte da criatura que dá o nome e o corpo por uma coisa chamada «autoria»? Há um fundo nazi na mais simples noção da «morte do autor». Não será esta uma consequência lógica do que estava em marcha em Auschewitz e que foi tão bem antecipada nas orgias dos romances de Sade. Quem foi o autor de toda esta máquina de aniquilar identidades? Ou a «morte do autor» não passa de um chavão simbólico usado para desacreditar e suprimir diversos modos de explorar singulares modos de imanência – a vontade de ser mais qualquer coisa do que uma remontagem de clichês e estruturas (um relativo remix) – há alguém ali! Por isso gostamos de autores com biografias sensíveis e lamechas e não de Foucault ou Blanchot.

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