Saturday, March 24, 2007

samadhi samba




I am from the days when one valued that cliché of semiotics that we called, what a lark,“floating meaning” (taken from Barthes and other such sneaky rascals!).

I like to keep my distance, without an aestheticising elegance either of an intentional art (O, realm of the obvious and the coded!) that stands on tiptoe in supposedly “political” or “poetic” explanations (note the inverted commas!), or of those inebriated by the ineffable and the roast sardines of the sublime (as art, the sublime has been bluff and rhetoric, from Caspar David Frederich to Rothko, and if possible beyond the latter).

I prefer warmer, less gloomy and more tantric versions.

The exhibition is not thematic (to Hell with half-baked themes!), but is climactic. It is called Samadhi Samba because I am a devoted practiser of yoga (practice above all else, the rest is idle chat, or just idle!) and also because the imaginary Indies have been beating (drumming?) in my blood since my tender childhood days.

Large scale drawings, paintings(I would not go without this experience!) and somewhat sculptural installation counterbalance my previous exhibition at Lisboa 20, in which I scratched away at more immaterial and chaotic situations (via scanner) with a photographic appearance.

The problems of the spaces are smuggled from medium to medium, but their fleeting coupling is diverse, and the nuptial spume is what is seen here. Chattering, emotion, backchat,murmurings, or as might be said by (see below) A. L., “apathy, trance, euphoria, revolt,anguish, serenity, etc.”

I feel like calling up some travellers – Álvaro Lapa because the body, life, literature (and theory, even pretending that it isn’t) and other things are inseparable from that which we stubbornly call art (with a post-Nietzschean joy that is stronger and more aware that that of the Greeks); Marcel Broodthaers because he waves to me with an experience within an irony beyond irony; James Lee Byars and his occasionally performing and then sculptural pythagorism (but corrected in an ultra-profound version (sod transgression, it is an adolescent thing!), more and more deepening a “porno-ecology” in complexity (what is this?)); and also Richard Tuttle, for his kindness and captivating scruffiness.

Wednesday, March 07, 2007

«o improfanável?»


Agamben remata, com o lirismo habitual que herdou de Heidegger, uma afirmação que não pode deixar de ser célebre: «a profanação do improfanável é a tarefa politica da geração que vem» - Agamben esquece-se que a «profanação» faz parte da estrutura do sagrado, e que é um acto cúmplice que o reforça. Não se percebe onde é que Agamben quer chegar. Julgo tratar-se de um combate «contra» a pornografia como se esta fosse um limite vazio do profano. A pornografia é muito mais a imagem do que os heideggerianos chamam o Ser, do que um fantasma maldito ou um esvaziamento gnóstico. O Ser, ou outros substitutos adequados ou inadequados como Deus, os deuses, o brahman e outras tretas verbais são, enquanto experiência do dominio da porneia - são experiência-essência, como diz o termo sânscrito rasa. Raso vai sah. «O (absoluto) é sensação» (traduz Danielou). Mesmo quando é decepção. Mas a decepção, que na sexualidade é mais òbvia porque mais contrastante, resulta da imensa intensidade, não sei se profana ou sagrada... A nossa tarefa (o que vem, e o que se vem), e não a das gerações futuras (as que messianicamente hão-de vir não vindo nem deixando de (se) vir), é apenas o aprofundamento de uma pornoecologia - mais e melhor rasa.

o cadáver de baudrillard



Provávelmente Baudrillard era apenas um simulacro que pastava cinicamente no jogo sujo das hipersimulações que tudo devoram. A morte de Baudrillard é tão fria quanto a de Sade - não dá para verter lágrimas. É um dos pensadoes mais anti-sentimentais de sempre, e nesse sentido é francês até à nausea, com uma elegância demasiado chique e irritante. Nunca senti simpatia pelo Baudrillard. Ele foi fundamental no mundo da arte em meados dos anos 80 - o seu mais conhecido divulgador foi Peter Haley que conseguiu conciliar o Baudrillard com o Foucault que este odiava. Sim, para J.B. a arte de agora (e talvez a de sempre) era nula, no que tem alguma razão. Mas o fantasma de Baudrillard, menos americanizado, acabará por me visitar muitas vezes. A sua figurinha atarracada e algo ridicula é mesmo a de alguém em busca de um enigmático agigantamento. Apesar de tudo, Baudrillard como estereotipo, amigável adversário e personagem de banda desenhada teórica acabará por me inspirar, como já o fez no passado. Da bomba que ele gostaria de ser, vamos poassar a recordá-lo como traques. Il faut bander, sourtout aprés et sans Baudrillard!

Sunday, March 04, 2007

el provincianismo homeosestético


Pois o grande e «cosmopolita» Cerveira Pinto, em debate transcrito no catálogo da exposição de Serralves sobre os anos 80 faz a sintomática referência aos Homeostéticos, que até acaba por ser simpática, referindo-nos como algo que foi provinciano até ao fim.
Embora tenhamos sido, quanto ao ideal provinciano das «internacionalizações» (em busca de um lugarzito no ranking entre os quase 500 primeiros do mundo), menos significativos do que outros tímidos heróis nacionais, também fomos a versão mais conscientemente crítica do «fenómeno» buscando alternativas internacionalisticamente nativas.
O importante é perceber em que medida a questão do «provincianismo» é significativa na forma de nos distanciarmos deste ideal «estrangeirado» tão enraízado nas elites portuguesas há pelo menos 500 anos.
Sintomáticamente a 2ª exposição homeostética chamava-se «um labrego em Nova Iorque», e a última significativa, Continentes, jogando com estereotipos do imaginário tuga. Uma exposição mostrava a envergonhada aculturação e o flirt labrego com a lógica da galáxia espampanante do art world (tilt!), a outra reencenava atrevidamente o mundo com um filtro paródico aos mitos expansionistas (ò ingénuos quintos-impérios) e ao decrépito legado das mitologias salazaristas.
Numa perspectiva miserabilista, à la Batarda, diria que somos um país muito pequenino, com um mercado de arte francamente ridículo. Falar de boom de mercado nos anos 80 só se foi no Porto, aqui por Lisboa praticamente não pingou – trata-se de invenção de historiadores dos anos 90(com um habitual ressentimento e nostalgia de não ter curtido «la movida»). Houve foi um boom de divulgação na imprensa escrita, coisa que hoje escasseia para quem quer que seja.
Porém colocamos a questão do provincianismo e da «falta» de identidade desta nossa comunidadedezinha em termos muito semelhantes a que a fez notávelmente o Caetano Veloso (entre outros?). Não falar do que somos e fomos é ignorar uma situação sociológica e antropológica que existiu (e existe) e que nalguns aspectos mudou muitíssimo, mas noutros permanece com os seus estigmas e mentalidades.
É certo que também fomos e somos internacionais, internacionalistas (o mais possivel) e internacionalizados (um bom bocado) ou internacionalizáveis (será?). Não estamos entre os 500 primeiros, mas também não fizemos por isso. Deu-nos para outras coisas, ou então não tivemos pedalada... o que é o mais provável!
Mas registe-se a incapacidade de o meio que nos está mais «aqui» ser pouco mais do que ecos de modas dominantes. É certo que nos repugna o lado exibicionista dos espanholismos da arte que nos é mais próxima geográficamente. Por isso o que se vai produzindo por cá parece cada vez mais germânico e timidamente americano (apesar das internetes que nos oferecem o resto do mundo e mil e uma oportunidades de sermos bem mais «diferentes»), depois de enterrado o figurino francês. Sim, assumimos o provincianismo, na mais cosmopolita das perspectivas.
Ailariloléla!