Monday, January 28, 2008
escrever "sobre" arte
a maioria dos textos sobre arte contemporanea, sobretudo escritos pelos seus protagonistas mais esclarecidos, fazem-no no mais inadequado dos modos, como se nunca tivesse existido uma prática de escrita de "vanguarda" que atravessou ao longo do século XX as artes e que lhe esteve intimamente associado - tenho saudades desses velhos críticos e teóricos
hoje, a maioria dos discursos em torno da arte continua a ser feita na mais burocrática e repressiva das formas estilisticas, e a forma de apresentação dos catálogos e outros objectos afins é aborrecida, convencional, etc.
o clichê de que alguém que teoriza empenhadamente sobre arte só o pode fazer hoje (desde há algumas décadas) honestamente tornando-se artista encontra resistência nos profissionais da escrita que ainda julgam que a escrita é um espaço meta-artistico (ou então esqueceram-se disso)
quando leio velhos e "ultrapassados" teóricos (como o Buchloh, a Krauss, o Foster, etc.) falarem do "retorno do reprimido" a propósito de Picasso, Picabia e De Chirico (que na escrita foram suficientemente radicais os três), ou invocarem Bataille como um dessublimador (Bataille que também é precorrido pelo uma pulsão destrutiva que herda de Sade e que é em boa parte um fluxo tanático de total desinibição(/destruiçãlo presente no fascismo)
confesso que tenho saudades do estilo displicente do Cage e do Ernesto, da literatura experimental, da simultaneidade, do seu lado preformativo e divulgativo, da prosa pop do Deleuze do primeiro Anti-Edipo, das polémicas ardentes do Cezariny e do Pacheco, dos textos (mais uma vez!) do Batarda e do Lapa, do Arthaud, etc. etc.
uma história de arte do século XX, e por arrastão, qualquer história de "arte" só tem sentido enqjuanto obra de arte - neste sentido até um Aby Warburg pode ser lido-visto como um artista, ao contrário dos empenhados empresários-curators
por isso há que dar um novo impulso ao projecto revolucionário-revisionista homeostético (o revisionismo homeostético não é um regresso hermeneutico ao passado, apenas faz expandir e reactivar as energias "revolucionárias" adormecidas no sentido de uma maior complexidade e de um progresso mimético-tecnológico (para uma iman^rencia mais imanente)) - é retórica pimba revolucionária mas é tal e qual
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