Thursday, March 06, 2008

bakhtine, consciencia, imanência e carnaval


foi o Ernesto de Sousa que me introduziu ao Bakhtine - li o Rabelais e o artigo da Kristeva, e mais tarde a «Estética da criação Verbal»


o Bakhtine era na altura complementarizado com o Saussurre dos anagramas editados pelo Starobinsky


«Historicidade. Imanência. (...) Toda a palavra (todo o signo) dum texto conduz para fora dos limites desse texto. A compreensão é pôr em relação um texto com outros. O comentário. Dialogicidade desse pôr em relação. (...) A dialética nasceu do dialogo para regressar ao dialogo a um nivel superior (ao diálogo de pessoas). (...) Monologismo hegueliano na Filosofia do Espirito.»


Hei-de voltar a Bakhtine - no fundo a consciência é imanência, e a imanência é a de um «autor» que com a (auto)reflexividade e a relação com os outros ( mais do que com um abstracto Outro - trata-se de outros que também são imanentes) acaba por ser carnavalesca (feita de dissimulacros, de papeis híbridos de hetero-autorias).


O romance e a tradição menipeica (cínica/sofística) desmontam os circuitos de poder-reconhecimento-dialética de Hegel porque encenam as consciências carnavalescas e livres desde o ínicio - Antístenes e Diogenes não reconhecem nenhum senhor e não precisam de ninguém que os «reconheça» senão como personsagens da cidade. O parasita, o pária e o oportunista também são herois éticos que surfam entre patronos - é o quie se passa no Satiricon. Etc.


É com Bakhtine que temos que pensar os apocalipticos da arte - Hegel, Mondrian, Reinhardt, e perceber como a ideia da «morte da arte» ou da do autor é uma consequência do monologismo e da velha dialética. A que poderes é que isso serve?

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