Sunday, August 10, 2008




A questão do fim da Homeostética, ou o seu não-fim, o não saber acabar, ou o fazer do fim um falso fim (qualquer príncipio e qualquer fim são fraudes «elementares») é um dado adquirido - tudo se passa entre unendings e unbeginings. Este texto, que está guardado em Serralves é esclarecedor: x-plica como um manifesto a multiplicidade e ambiguidade dos pontos de vista









(Outono 1986)







Marmóreo Odeon.

0s gatos fazem ron-ron.

O artista está apático e não olha para absolutamente nada.

Em baixo ouvem-se murmúrios de máquinas de lavar.



Uns suspiram - se isto fosse tudo um espelho falso a esperar uma princesa falsa...



Acordo e vejo um pecterodáctilo junto à janela.

Esquecer, esquecer - diz António.



O fim da Homeostética é um letreiro numa palmeira (Homeostética finis - cultivada em portugal)



Uns dizem que não que isto não acabou, outros dizem que sim - "finalmente em decomposição o cadáver desse amadorismo idiota"! Outros chegam tarde e não dizem nada.Calam-se.Há quem se desate a rir.



Sempre que escrevo poemas uso "Splendor" (esponja de brilho instantâneo).



Talheres e garrafas de Vodka.

Mendonça sente-se mal e diz que vai vomitar,corre para os lavabos,simula ruídos,depois diz para si "sou uma fraude", mas podia ser uma pessoa intiligente.



AS pessoas vão-se tornando cada vez mais sérias.Arranjam empregos.Compram casas. Trabalham e preocupam-se com quase tudo –têm discussões sem qualquer espécie de paixão, são cruéis na gramatica.



De resto estão quase mortas.

Salivam e fumam cigarros. Depois passam a ter discussões com motivos verdadeiros e chegam a entusiasmar-se, a ter vontade de partir tudo.



Não há nada mais ridículo do que a arte moderna? Moderna hoje:

uns procuram as perucas de Velasquez,outros os patins de Minie,

outros ainda os reflexos do dólar na estatística do mercado, e

finalmente chegam os servos do platonismo que voltam a atacar com as estruturas e a linguagem

- tudo isto me soa a chita!

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