Thursday, September 13, 2007
Paradoxo do cretense (variações)
todos os cretenses são mentirosos (diz o filósofo cretense)
todos os cretenses são mentirosos (diz o estrangeiro)
nem todos os cretenses são mentirosos
alguns cretenses são mentirosos
só são mentirosos os cretenses que dizem que são mentirosos
só não são mentirosos os cretenses que dizem que são mentirosos
eu sou mentiroso
todos os homens são mentirosos
alguns homens são mentirosos
a linguagem mente
a linguagem mente sempre
a linguagem mente às vezes
a linguagem é uma mentira que serve para comunicar uma não-mentira
a linguagem não mente sempre
a linguagem não é uma mentira nem uma verdade
a linguagem mente e não mente, quer (por vezes) dizer a verdade, embora não consiga dizer a verdade
eu sou e não sou mentiroso
eu só sou mentiroso quando escrevo
eu posso mentir no que digo mas o meu corpo não mente no que faz
mentir sem mentir é fingir
a linguagem não mente, finge
não há hipotese da linguagem não ser mentirosa a hnão ser que se parta do proincipio que a linguagem é fingidora
o poeta é um fingidor (Pessoa)
a poesia é um fingimento
a poética é a teoria das ficções
toda a teoria é uma ficção
logo: a poética é a ficção das ficções
ars sine sciencia nihil
sciencia sine ars nihil
a aletheia sem o pseudos é nada
aletheia me pseudos tipote estin (faltam as declinações)
truth without liying is nothing
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